segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Feche os olhos! Veja a vida com os olhos d'alma. Faça de sua fé um templo. E não de um templo sua fé. Chore se quiserGrite se sentir vontade, Lute sempre! Engane o tempo, quebre seu relógio! Não seja um completo idiota, Pois a todos nós faltam partes Seja um autísta-opicional. Não deixe sua sanidade castrar sua loucura, Nem sua loucura arrebatar sua sanidade. Não levante a mão contra seu inimigo, Mas não permita que levante a mão contra você! Não seja marionete da mídia. Não faça parte de uma mentalidade coletiva. Crie seus próprios ideais. Deixe viver se deseja viver. Mate, se alveja morrer. Faça o que bem entender, Mas nunca o que não entende.
Um apelo de Julio Alberto.Vulgo.: Fera Stifler

sábado, 18 de julho de 2009

Psicologia de um Vencido – Augusto dos Anjos

Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênese da infância, A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância… Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme – este operário das ruínas - Que o sangue podre das carnificinas Come, e á vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da terra!

Minh'alma é triste (fragmento) IV

Minh'alma é triste como o grito agudo Das arapongas no sertão deserto; E como o nauta sobre o mar sanhudo, Longe da praia que julgou tão perto! A mocidade no sonhar florida Em mim foi beijo de lasciva virgem: — Pulava o sangue e me fervia a vida, Ardendo a fronte em bacanal vertigem. De tanto fogo tinha a mente cheia!... No afã da glória me atirei com ânsia... E, perto ou longe, quis beijar a s'reia Que em doce canto me atraiu na infância. Ai! loucos sonhos de mancebo ardente! Esp'ranças altas... Ei-las já tão rasas!... — Pombo selvagem, quis voar contente... Feriu-me a bala no bater das asas! Dizem que há gozos no correr da vida... Só eu não sei em que o prazer consiste! — No amor, na glória, na mundana lida, Foram-se as flores — a minh'alma é triste!

Idéias Íntimas (fragmento) IX

Oh! ter vinte anos sem gozar de leve A ventura de uma alma de donzela! E sem na vida ter sentido nunca Na suave atração de um róseo corpo Meus olhos turvos se fechar de gozo! Oh! nos meus sonhos, pelas noites minhas Passam tantas visões sobre meu peito! Palor de febre meu semblante cobre, Bate meu coração com tanto fogo! Um doce nome os lábios meus suspiram, Um nome de mulher... e vejo lânguida No véu suave de amorosas sombras Seminua, abatida, a mão no seio, Perfumada visão romper a nuvem, Sentar-se junto a mim, nas minhas pálpebras O alento fresco e leve como a vida Passar delicioso... Que delírios! Acordo palpitante... inda a procuro: Embalde a chamo, embalde as minhas lágrimas Banham meus olhos, e suspiro e gemo... Imploro uma ilusão... tudo é silêncio !Só o leito deserto, a sala muda! Amorosa visão, mulher dos sonhos, Eu sou tão infeliz, eu sofro tanto! Nunca virás iluminar meu peito Com um raio de luz desses teus olhos